domingo, 11 de outubro de 2015

O Fim do Poder - Moisés Naím

13º Livro lido em 2015
Terminei de ler em 05/10/2015,

O Fim Do Poder foi escolhido nesse semestre pelo meu professor de Geopolítica, para o projeto Universidade Que Lê. Ao que soube, Mark Zuckerberg (criador do Facebook) escolheu como primeiro livro para um tal clube de leitura que ele criou, fazendo esse livro se esgotar nas estantes das livrarias, não é pra menos né, se o gênio criador da maior rede social atual mandou, temos que obedecer, porque deve ter algo muito bom nesse livro, pro "Deus das mídias sociais" ter indicado. Mark sugeriu este livro de Ciência Política para seus seguidores e admiradores, assim como meu professor de Geopolítica pois o Moisés Naím, disserta sobre como o Poder nos dias atuais anda cada vez mais em declínio, e de como o mundo mudou e tem mudado por conta disso, como nossos líderes - e nos, consequentemente - somos afetados por toda essa mudança global.

Cada vez mais o poder vem se esvaindo das mãos dos grandes líderes e da minoria detentora do capital. O mundo mudou e as formas de visões, entendimentos e relacionamentos também. Atribuir ao poder formas antigas de se liderar, hoje não é o melhor caminho para se entender e corrigir as frustrações e fracassos, provocados pelas grandes crises dos últimos anos. Assim como é muito pobre, por vezes errado, generalizar creditando culpa ao progresso das ferramentas de relações comunicativas (mídias sociais, internet) sobre como o mundo e as pessoas mudaram tão rápido de uma década para outra. A inteligência que se necessita não só para se obter o poder, mas para manter, agora é outra exige um líder que vá além, isso na política, no cenário militar, no mundo dos negócios, nas igrejas e em qualquer lugar onde o Poder é o que faz a diferença. "O poder está degradando-se devido à ocorrência de uma multiplicidade de mudanças em todos esses âmbitos." (pág. 86).

No Capítulo Quatro, Naím diz que o Poder está perdendo a força através do que ele chama de Revoluções: do Mais, da Mobilidade e da Mentalidade, 
  • Revolução do Mais: Mais gente no mundo; mais países existentes; crescimento acelerado relacionado com a condição humana. "Temos mais de tudo." (pág. 86)
  • Revolução da Mobilidade: Tudo se move cada vez mais rápido, pessoas, informações, mercadorias, dinheiro, notícias. TUDO.
  • Revolução da Mentalidade: Existe um consenso global hoje, sobre autonomia individual, igualdade de gêneros, e o repudio popular perante ao autoritarismo.

Ou seja existem mais pessoas no mundo, que "têm mais de tudo - cartões telefônicos pré-pagos, rádios, tevês, celulares, computadores e acesso à internet, além da possibilidade de viajar e se comunicar com outras iguais a elas em seus países e pelo mundo afora"  (pág. 103) além de estarem mais cientes de seus direitos para uma vida com maior qualidade.
Segundo Naím, essas Revoluções, encontram brechas nos 4 canais por onde se opera o Poder: força (coerção), código (moral, ex. 10 mandamentos), mensagem (persuasão) e recompensa (alimenta o interesse, para que se consiga algo em troca) tornando mais frágeis as barreiras criadas por esses 4 canais.

Essa é uma breve síntese do que encontrar no O Fim Do Poder. Mais profundamente o escritor vai relatando nos capítulos seguintes, através de dados e detalhes pesquisados, como o Poder esta cada vez mais descentralizados, por conta de novos atores no cenário da Geopolítica, desde partidos "piratas" que ameaçam antigos partidos poderosos; pequenas empresas com novas tecnologias que tornam-se ameças para antigas grandes empresas dominantes de mercado; pequenos países agora participantes de concelhos mundiais com decisão de veto; pequenas igrejas locais que desfragmentam perifericamente fiéis que antes eram centralizados de uma única ordem religiosa; antigas hegemonias que hoje têm seu poder perante o mundo divido com novos atores, na escala do hard power e do soft power; os fundos hedge que têm se tornado uma ameça para antigas empresas de crédito, mundo das finanças.

Por vezes o livro fica bem maçante de ser lido, lá pelos últimos capítulos, pois começa a ficar bem repetitivo toda a ideia de declino do Poder, sobre o Poder não ser mais o que era e blá blá blá.
Mas ao final Naím da as suas considerações de esperança para uma possível mudança, como por exemplo incentivar aos mais jovens a se interessarem pela politica. "...entramos numa era pós-hegemônica"(pág. 331)  foi uma frase que chamou muito minha atenção ao final desse livro, que define também a Geopolítica global atualmente. Onde quem está acima ou abaixo em influência (soft power) e poderio (hard power), já não importa mais em suma, pois o que importa agora é o que se pode fazer com o Poder e suas limitações quando se atinge o topo, e olhe lá por quanto tempo, pois a volatilidade de ascensão e queda das nações, atualmente é mais dinâmica.

Enfim, O Fim do Poder é um livro muito atual, que ajuda a abrir ainda mais a mente sobre Poder, como ele anda defasado no momento; como as crises tem colaborado para isso, justificando as próprias crises que tem se refletido no mundo; o que talvez se pode esperar do que estar por vir com a ascensão econômica da China, Índia e Rússia, novas potências atuando junto aos E.U.A. no cenário de decisões. Um livro que vale apena ser lido para melhor embasamento sobre o que anda acontecendo e o impacto do que anda acontecendo nosso planeta nas últimas décadas. 

Artur César
Art Post Scriptum
neste 12/10/2015

domingo, 16 de agosto de 2015

Aprender a Viver - Luc Ferry

12º livro lido em 2015
Terminei de ler 13/08/2015

A principio eu iria ler apenas no capítulo sobre o Humanismo, do Aprender a Viver de Luc Ferry, mas acabei lendo o livro inteiro. Peguei emprestado da biblioteca da faculdade, com o objetivo de ler nas férias, e foi o ultimo livro que li antes das aulas começarem. E com este livro conclui a quinta leitura de livro nas férias, me deixando orgulhoso dessa meta.
Luc Ferry neste livro conta sobre os cinco grandes momentos da história da filosofia. O que faz desse um livro de "sedução intelectiva", uma vez que ele instiga em dobro a procurar as obras que Ferry, faz menção, desde a importância e influência, até a imensa significância para a historia da humanidade.

No primeiro capitulo "O que é a Filosofia?", Ferry basicamente diz a necessidade da filosofia ontem (antigamente) e hoje. Necessidade de fundamentar a razão para além das explicações míticas, religiosas, supersticiosas etc. Onde é definida três etapas para construção e consolidação das linhas de pensamentos " As três dimensões da filosofia: a inteligência do que é (teoria) a sede de justiça (ética) e a busca da salvação (sabedoria)". Então Ferry categoriza cada um desses três elementos e faz o encadeamento entre eles, para explicar, explorar também a notoriedade da respectiva corrente filosófica.

Achei engraçado Ferry abster-se de iniciar, como de praxe por Aristóteles e Platão. E ele  começa a tecer dentre os cinco grandes momentos pelos estoicos, e a explicação grega/romana. por "ordem cósmica", tão fundamental para entendimento do pensamento da antiguidade. Que aqui não entrarei em muitos detalhes, pois este capitulo é fascinante, e acaba sendo uma delícia ler sobre "a harmonia, a ordem, o finito, o todo ordenado, o Cosmos. E nesse tecer, Ferry vai usando passagens de livros como intertexto para seguir a sua linha de raciocínio, basicamente neste inicio ele cita Cícero, Marco Aurélio, Epicteto e Sêneca (estoicos romanos). Constrói uma boa explicação sobre o entendimento de 'imanência e transcendência', pois é base para outras compreensões futuras.

O ponto que acho incrível nessa filosofia estoica, e Ferry explica magistralmente é a semelhança do estoicismo com a proposta de vida budista. O "não apego" as coisas, as pessoas, aos sentimentos... para evitar sofrimentos desnecessários, a razão deles (estoicos) para isso vai muito mais além do que estou dizendo, aqui e vale a pena procurar saber sobre. E há também a ênfase em que ele dá sobre como peso das nostalgias e das miragens incertas do futuro, nos impedem de vivermos o aqui e o agora, de um modo muito melhor. Amar os instantes que vivemos no presente como se fossem os últimos. VALE MUITO A PENA LER ESTE CAPITULO!!!
"Esperar um pouco menos, amar um pouco mais", tão atemporal esse pensamento, e mesmo tendo séculos, cabe muito bem nas nossas vidas em muitos momentos nos dias de hoje.

Na sequência, Ferry aborda sobre como foi a vitória do pensamento cristão sobre a filosofia grega. E é importante ressaltar que a doutrina cristã predominou durante séculos. Mesmo impondo o limite da razão para reposicionar primordialmente a fé. Aqui é onde a igualdade é proposta, junto com o amor, como lei universal, contrapondo o pensamento aristocrático grego/romano. E contrapõe também a ideia de finitude estoica grega/romana, pois o cristianismo propõe a imortalidade, a possibilidade de revermos no além nossos antes queridos, assim uma nova maneira de encarar a morte e novos ideais de valores superiores a vida terrena.

No capitulo em que refere o Humanismo, e o inicio da nova proposta cientificista, do ceticismo no lugar da fé, ou se preferir de uma proposta moral humana sem Deus. Eu particularmente acho esse grande momento da historia da humanidade um dos mais fascinantes também, é lindo visto daqui do século XXI. A contribuição desde de Descarte, passando por Copérnico, Galileu, Newtom,  Rousseau e Kant, é um salto tão grande para humanidade, e a laicidade do pensamento, da razão. Ferry não segue o raciocino neste capitulo, seguindo não uma ordem cronológica, mas nem por isso essa parte do livro deixa de ser instigante. Simplesmente maravilhosa a explicação na parte "A diferença entre animalidade e humanidade segundo Rousseau: o nascimento da ética humanista" e logo na sequência como isso inspirou Kant. Este capitulo sobre Humanismo e o pensamento moderno, ele termina com a indagação que também marca a pós-modernidade: "Deus está morto" - fim da estrutura, religiosa e de valores e ideais superiores a vida. 

O capitulo que corresponde a pós-modernidade Ferry se atém principalmente em transmitir o pensamento Nietzschiano. Aqui acredito que acontece uma certa tomada de partido da parte de Ferry, que pelo que pude perceber, não é muito fã de Nietzsche, mas o que também é interessante, pois poucas vezes vi declarações sobre contradições na obra de Nietzsche, e que acho totalmente positiva as considerações de Ferry, mesmo amando o pensamento nietzschiano. Amor Fati, vontade de potencia, forças ativas e reativas, eterno retorno, genealogia e desconstrução da estrutura do pensamento fora da realidade (ídolos) que supervaloriza ideais da política/moral/religião, ou seja fim dos ideais superiores etc. constrói o plano de fundo para no fim do capitulo vim a critica nas interpretações de Nietzsche.

Por fim no último capitulo Luc Ferry dá as suas considerações sobre como foi o impacto do pensamento nietzschiano, e as contribuições para filosofia contemporânea, contando o que veio depois da desconstrução, depois da filosofia do martelo. Comenta como Heidegger contribuiu com a ideia do surgimento do "mundo da técnica" e o decadência da questão do 'sentido'. Aqui ele faz suas considerações também contra o materialismo.
E Luc Ferry abre caminho para sua proposta de "humanismo não metafisico" com base nas seguintes ideias sugeridas por ele: Theoria como autorreflexão (uma nova 'transcendência na imanência'), onde se instauraria uma moral fundada na real alteridade, livre de pretenso interesses. Propondo também uma filosofia de sabedoria do amor.

Achei este livro fascinante, amei ler, e arrastei a leitura por umas duas semanas, pois degustei muito cada capitulo, abrindo mais a minha mente. Vale muito a pena ler esse livro, principalmente quando se preocupa muito com o rumo da atual humanidade. Ele não dá nenhuma formula pronta, trata-se de uma proposta irrecusável para se conhecer melhor as estruturas que deram origem ao nosso pensamento, e para se pensar melhor. 
RECOMENDADÍSSIMO 


Artur César
Art Post Scriptum
neste 16/08/2015

sexta-feira, 24 de julho de 2015

O Talentoso Ripley - Patricia Highsmith



11º livro lido em 2015
Terminei de ler 24/07/2015

Costumo dizer que o grande livro de Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray, é "um tratado sobre a vaidade". Sem pretensas comparações com o belíssimo clássico de O. Wilde - pois não caberia neste universo tal comparação, entre esses dois livros -, mas acredito poder creditar ao O Talentoso Ripley, de Patricia Highsmith, como "o tratado sobre a inveja". É um belo livro, com uma excelente historia, que se classifica como gênero policial. Que tem como protagonista o anti herói, Tom Ripley, cínico nato, que tem um grande talento para imitar pessoas, além de ser um exímio falsificador de assinaturas.

Ripley é um jovem pobre que leva um vida medíocre morando de favor, na cidade de Nova York, é ambicioso e inteligente, e usa esses seus talentos, para aplicar golpes, tirando vantagens de pequenas fraudes, lesando pessoas, para obter ganhos de dinheiro para si. Um dia o milionário Sr. Greenleaf persegue Tom acreditando que ele é um grande amigo de seu filho que mora na Itália, Dickie Greenleaf. O Sr. Greenleaf, propõe a Tom que viaje para Itália, com a missão de convencer o seu filho a voltar para os Estados Unidos, pois o tal Dickie Greenleaf, se mudou de mala e cuia  para o uma pequena cidadezinha litorânea italiana.
Nem é preciso dizer que Tom Ripley viu uma grande oportunidade de se dar bem, pois imagina ter uma viajem bancada para Europa de navio com tudo pago. Tom aceita a proposta vendo que seus dias de trambiques por Nova York tinham acabado, pois faria o que foi pedido pelo figurão, e tentaria se arranjar la pelas bandas do velho continente, aplicando golpes, agora, com mais glamour. Isso não tenha passado pela cabeça do personagem no livro, mas sabe como é, uma vez pilantra...!

Ao encontrar com o tal Dickie, que leva uma vida sem preocupações na cidadezinha italiana, acontece uma afeição estranha de Tom pelo playboy Greenleaf. Fato esse, que não é muito explicito em palavras, pela escritora, de que se Tom Ripley é gay mesmo, mas certo é que nasce uma obsessão de Tom por Dickie. Dickie não vive só na pacata cidade, ele vive para cima e pra baixo com uma "namoradinha", uma linda mulher chamada Marge, com quem Dickie não assume um compromisso serio. Esta começa a ser um empecilho para os planos de Tom, que é de sempre entreter, e ter a atenção do playboy Greenleaf para si. O playboy Greenleaf no começo se empolga com a nova amizade, mas com o tempo começa a observar o jeitinho peculiar de Tom Ripley, e começa a se incomodar por sempre Tom buscar de algum modo querendo o afastar de Marge. Chega a rolar ate uma suspeita de viadagem da parte de Tom. Isso irrita muito Tom, porque traz lembranças de sua velha tia que o maltratava e fazia chacotas quando ele era uma criança, e isso é uma coisa que desestrutura Tom Ripley.

Tom Ripley é um cínico inveterado, sujeito frio e calculista, que não mede esforços de persuadir e de manipular para obter o que interessa, pois para ele, o horror, é voltar para a velha vida que vivia aplicando pequenos golpes. Cresce a vontade de Tom por Dickie de tal modo, que mais do que ter Dickie só para si, Tom passa então a querer ser o próprio Dickie. Ter a vida de Dickie Greenleaf é algo que no começo não estava nos planos de Tom, mas após matar Dickie em um passeio de barco, Tom acaba tirando proveito disso. Falsificando as assinaturas de Dickie, junto com as suas correspondências, Tom vai levando uma vida dupla. Ate que outros acontecimentos começam a coloca-lo em risco. Enfim não da pra contar a historia inteira, por aqui, mas a trama gira sempre na visão de Tom Ripley, e de suas neuroses sobre o iminente desmascaramento. 

Acho que o que é tão particularmente notável nesse livro, é a construção do personagem Tom Ripley, tive a impressão de que Ripley, além de despontar para uma possível homossexualidade - o que não fica evidentemente claro no livro - é a de que ele é um sujeito misógino sociopata e assexuado. E de que o primeiro crime que cometeu, tenha um resquício de passionalidade, embora a motivação maior acredito piamente ter sido a inveja.
O livro é bastante envolvente, prende de um modo em que mesmo que se tenha visto os filmes adaptados dele, sabendo sobre certos desfechos, ainda sim rola aquela tensão de saber se o safado do Ripley irá escapar, pois o gajo é liso e sortudo.
O Talentoso Ripley é um ótimo livro, recomendo, uma excelente distração.

Artur César
Art Post Scriptum
Neste 25/07/2015

terça-feira, 7 de julho de 2015

Ética Para Meu Filho - Fernando Savater


10º livro lido em 2015
Terminei de ler em 07/07/2015

Busquei este livro por curiosidade na biblioteca da faculdade que estudo, pois já havia visto recomendações sobre este, em aulas do meu hoje, grande ídolo, prof. Clóvis de Barros Filho - de quem já declarei que sou fá em outros posts -, mas a derradeira para começar a ler, foi quando li mais um reforço sobre a indicação no livro A Filosofia Explica Grandes Questões da Humanidade, (que já fiz post por aqui) em que mais uma vez Clóvis sugere, este livro do Fernando Savater. Este livro é sugerido pelo Clóvis, pois ele trata do assunto, ética, de uma forma bem simples e de fácil compreensão, sim pois a forma como foi escrito é de um pai passando uma didática sobre ética e busca de uma vida boa, para seu filho (adolescente, claro, pois para se iniciar alguém sobre as complexidades éticas que cada vida desponta, a pessoa tem que no mínimo ter já alguma base de vida e cultura).

A escrita do livro soa como um papo bem lúdico de um pai que se interessa sobre a importância das escolhas para qual seu filho, irá ou tende à se inclinar, enquanto descobre e vive as experiências, na media em que se vai vivendo. Mas há aqui um cuidado, para que o assunto filosófico não se torne maçante, pois o tema necessita que haja uma explicação mais destrinchada e profunda sobre, então o autor prefere não usar (mas usa de forma oculta) o nome ( e a linha de pensamento) de todos os gigantes filosóficos para exemplificar isso pro filho, como Spinoza, Kant, Nietzsche, Wittgenstein etc... mas faz como exemplos para suas explicações e metáforas, obras da literatura, filmes e ate situações corriqueiras.

 Mas não há como escapar de falar do grande "pai" da ética, Aristóteles, em que no clássico exemplo do dilema do capitão que enfrenta uma tempestade com seu barco, carregado com uma carga importante, e que tem que optar por sua vida e as dos seus tripulantes, ou despejar a carga importante no mar, para que o barco fique mais leve e tente se salvar em meio a tempestade. Exemplo esse usado para mostrar ao leitor (filho) que as complexidades da vida nos perseguem e que temos que escolher, mediante ao que temos que julgar ser o mais prudente e certo a se fazer quando somos postos a prova pela dinâmica e complexidade de viver, muitas vezes em situações que não controlamos, mas que somos livres para escolher.   

Gostei muito dos capítulos em que o autor disserta sobre a nossa liberdade humana, e da importância de como temos que tratar humanos como humanos, e não como coisas ou objetos, para sermos tratados com respeito e dignidade, achei a explicação simples e sensacional. E curti bastante o capitulo que trata sobre como lidar com o prazer, coisa que acredito ser de suma importância para se ter uma boa didática enquanto jovem pois na fase adulta isso gera muitos conflitos, enfim não pretendo ser tendencioso aqui com os meus achismos, e experiências empíricas. 

Mas para finalizar e convencer você, que esta lendo este post a correr para ler este livro maravilhoso, Fernando Savater faz ao final de cada capítulo referencias para sobre o que usou de base para construir a linha de pensamento. Achei isso muito bacana, pois dá ao leitor que se interessar sobre o tema especifico, mais um norte pare buscar aprofundar o conhecimento. 
Ética é um dos meus assuntos preferidos, amei ler esse livro, que acredito que seja não somente para iniciantes da fase adulta da vida, mas também para os que já estão nessa fase, para que reflitam dentro de suas próprias histórias, os eventos passado que fizeram ser hoje, os adultos que são, todos em busca da melhor forma de viver, de se relacionar.

Artur César
Art Post Scriptum
Neste 08/07/2015

sexta-feira, 3 de julho de 2015

O Grande Gatsby - F. Scott Fitzgerald


9º livro lido em 2015
terminei de ler em 03/07/2015

Fazia alguma ideia de que esse livro, principal obra de F. Scott Fitzgerald, era muito bom, mas não sabia que era simplesmente sensacional. Vi o remake do filme com o Leonardo Dicaprio, gostei muito, mas ao ler o livro, é notório ter que usar daquele chavão, de que o livro é mil vezes melhor que o filme e blá blá blá... está foi a impressão nítida que tive, não tem como escapar.

Adquiri esse exemplar em um sebo no centro de SP. É a 1ª edição, de 1975, da então editora Abril Cultural. Gosto dessas edições antigas, por creditar confiança nessas traduções, mesmo com palavras pouco usadas hoje em dia, o leitura flui de forma excelente, pelo menos no caso dessa edição de Gatsby que tenho.
O texto é altamente envolvente, do tipo que quando você menos percebe, já devorou 100 páginas, querendo devorar as próximas 100, mas ai praticamente já acabaria o livro, pois ele tem umas 225 páginas.

O livro é de 1925, ou seja foi escrito no período que antecede o grande marco histórico, a quebra da bolsa de NY em 1929. O que é mais sensacional em O Grande Gatsby, é a forma como a história é contada, o ponto de vista que Scott F. aborda, faz com toda certeza o imenso diferencial na obra. A historia de Gatsby é contada pelo narrador do livro, Nick Carraway, que acaba de se mudar para uma casa simples, e vira vizinho do misterioso  Jay Gatsby. 
Gatsby é famoso por dar grandes festas em que muitas pessoas "importantes" da alta sociedade são convidadas, então é relatada toda a exacerbação da futilidade, muito champanhe, carros de luxo, nas festas homéricas na mansão de Gatsby. Mas o que torna Gatsby uma figura misteriosa é que ele próprio não participa muito das próprias festas.

O pano de fundo da história, é que Gatsby tenta resgatar o romance de anos antes que viveu com Daisy, prima de Nick, porém ela agora é casada com um milionário, Tom Buchanan. Romance que era praticamente inviável pois Gatsby era pobre e Daisy era de família rica. Gatsby passado alguns anos, enriquece - o que é um mistério no livro - e compra uma mansão do outro lado de um lago, de frente para casa de Daisy Buchanan. E as grandes festas que Gatsby dá, é pra simplesmente fazer com que Daisy ouça falar dele. 
Como essa historia é contada se torna interessante aqui, pois é através de Nick, que Gatsby quer se aproximar de Daisy. Porém nasce uma forte amizade entre os dois, Gatsby e Nick. E Nick ajuda Gatsby nessa aproximação, mesmo ainda tendo muitas dúvidas quanto ao novo amigo. Mas num determinado momento da historia Gatsby acaba contando a Nick a origem de sua fortuna e sua real intenção na vida. 
A historia de Gatsby sendo contada pelo ponto de vista de Nick, que é um sujeito bastante moralista, já identificado nas primeiras páginas do livro, é o que realmente engrandece o personagem de Gatsby. Pois Gatsby vive por querer ter a vida não teve com Daisy, vive pelo sonho do amor que lhe escapou anos antes, e usa sua nova posição social e seus bens para chamar a atenção, e demonstrar que agora pode dar uma vida compatível para sua amada. É reflexivo esses valores que Scott Fitzgerald põe no livro. Daisy ao contrario de ser uma mocinha perfeita, é um ser fútil e deslumbrada, assim como o marido que escolheu, e Gatsby tenta e morre, por essa mulher. E que não comparece ao funeral e nem manda noticias, aliás em seu funeral, Gatsby conta somente com a presença do pai, alguns empregados e de Nick, o fiel amigo. 

Por fim acontecem muitas coisas, muito bem boladas pelo escritor, que desponta para o desfecho triste de Gatsby. O último capitulo é o que engrandece ainda mais o livro, pois o final é de dar um nó na garganta e no cérebro, daqueles de se ficar entravado por uma história tão triste e tão bem contada. Não caberia aqui, e eu nem ousaria tentar transmitir o que o final desse livro promete,  e o que significou para mim, é simplesmente lindo.
É sobre a historia angustiante de um alguém que buscava viver o passado que se afastava, que se esvaia, como um punhado de areia entres os dedos de uma mão, vivendo  um presente verde repleto de esperança, tentando viver uma vida que não foi. 

Artur César
Art Post Scriptum
neste 03/07/2015


sexta-feira, 19 de junho de 2015

A Filosofia Explica Grandes Questões Da Humanidade - Clóvis de Barros Filho / Júlio Pompeu


8º livro lido em 2015
Terminei de ler em 19/06/2015

Esse é o terceiro livro do Clóvis de Barros Filho que leio, e a cada vez me torno mais fã deste professor, que sem dúvidas foi um dos melhores que tive na vida (a distância, infelizmente). Este livro A Filosofia Explica Grandes Questões da Humanidade, é escrito em conjunto como professor Júlio Pompeu.
O livro foi transcrito dos cursos Grandes Questões da Humanidade, lecionados na Casa do Saber. E são quatro capítulos/aulas, ministradas pelo Clóvis, quatro pelo Júlio Pompeu. E os temas abordados pelos autores são:

Clóvis

  • Ética e vida boa
  • Moral: ação, motivação, fins e valores
  • Liberdade: especificidade do homem
  • Identidade: permanência e polifonia

Júlio 
  • Poder é algo que se vê
  • Poder é saber
  • Justiça e a lei
  • A justiça como virtude

A escrita do livro é totalmente envolvente, pois é fiel ao que é falado nas aulas, quem já assistiu alguma aula do Clóvis sabe do que me refiro. E isto torna o livro, além de precisamente reflexivo, altamente divertido e incrivelmente interessante. 
O bacana também é que ao final de cada capitulo, os autores indicam e fazem referências a livros, artigos, capítulos de outros livros, que ajudam a complementar o que foi escrito por eles. O que achei ótimo pois instiga a beber da mesma fonte que os autores.

Todos os assuntos abordados no livro são altamente relevantes para vida em sociedade, e bastante eficaz para o melhor pensamento do individuo, que se entende como ser humano na terra. Ajudando a  fugir da linha batida de raciocínio do senso comum. De todos os temas abordados, o que mais me encantou foi "Liberdade: especificidade do homem" pois a ideia de "a existência precede a essência" ainda é algo que me fascina constantemente, acho brilhante. E é gancho fundamental para o capitulo a seguir que trata sobre Identidade. Mas em tese, todos os temas são todos encadeados uns aos outros.

Ao que compete aos capítulos sobre Justiça e Poder, é de uma pertinência fantástica. O professor Júlio Pompeu, imerge nas profundezas desses temas e os destrincha da melhor forma, para o melhor entendimento. Utilizando também, alegorias gregas para exemplificar e demonstrar o que seriam os conceitos de Justiça e Poder um pouco além do senso comum.
 
Sem sombra de dúvidas um dos melhores livros que li este ano, e que também vai entrar para minha lista de manuais de Ética, Moral, Vida e Filosofia.

Artur César
Art Post Scriptum
neste 19/06/2015

segunda-feira, 27 de abril de 2015

O Avesso E O Direito - Albert Camus


7º livro lido em 2015
Terminei de ler em 27/04/2015

Flerto com Albert Camus, desde quando comecei a me interessar pelos filósofos existencialistas, Sartre, Beauvoir - que já li algum tempo atrás, pelo menos um livro de cada -, mas com Camus, tive o primeiro contado, se não me engano, com uma matéria de revista de filosofia, em que era dissertada as obras 'O Estrangeiro', e 'O Mito De Sísifo', e aquilo me deixou muito, mas muito intrigado. Pois temas como,  a liberdade, a condição humana, o absurdo da condição humana, o clausuro, a existência e a essência, sempre me atraiu desde que me entendo por homem adulto. E na minha personalidade, sempre me mantive inquieto, com minhas indagações sobre o mundo em que vivo, e pessoas que observo muitas vezes de longe, outras de bem perto.

Lendo a sinopse do livro, escolhi primeiro ler O Avesso e o Direito -pois tenho também 'A Peste' e O Estrangeiro, em estante - , por ser um livro mais cru, Camus escreveu com apenas 22 anos de idade. E na boa, é ate assustador a profundidade com que ele aborda questões da vida, de bagagem, vivência, em que ele mesmo Camus, no prefácio do autor, reconhece alguns anos depois de consagrado. Para uma pessoa que viveu tão pouco, escrever com tal propriedade, e maturidade, é no minimo digna de inveja... pelo menos nessa parte eu fiquei e com muita, porra, Camus é foda nos devaneios significantes!

O Avesso e o Direito, são cinco ensaios literários, ou se preferir, cinco contos, "A Ironia", "Entre o Sim e o Não", Com a Morte Na Alma", "Amor Pela Vida" e "O Avesso e o Direito". Nenhum personagem tem um nome, acredito que Camus quis denotar somente a especifidade humana, ao invés de criar um personagem com características, diferenciando entre um conto e outro somente o sexo dos representados. E todo ensaio tem um ponto comum particular, o abismo de questionamentos quanto a morte e vida. É uma impressão muito forte que o livro deixa, de que Camus era muito obcecado pela iminência da morte, que assombra qualquer ser que se de conta de sua "insignificância" na terra, de estar vivo para logo estar inanimado. 

Nos contos, muitos dos diálogos é do interlocutor que conversa com o eu interior, observando o mundo que o cerca, o cotidiano e as ações inconsciente das pessoas que cerceiam a felicidade, o desejo, a liberdade. 
Em um dos contos duas frases são marcantes: "Não há amor de viver sem desespero de viver" e "Não desejo mais ser feliz, e sim apenas estar consciente". Vejo ai a o limite da linha tênue que separa o delírio da lucidez, pois é ai onde o individuo comprova a legitimidade da sua condição, da sua vontade de viver mesmo em meio ao clausuro, mesmo em meio a solidão.

Solidão, estranheza, eu interior em devaneios e conflitos, o ser desejante, essas são também as alegorias que Camus emprega, embutida no descrever do cotidiano de cada personagem. A sensação de não pertencer ao lugar onde se está, nem de onde se é, isso tudo dentro do existir, em meio as alegrias e felicidades. A prosa vira muitas vezes uma leitura poética, subjetiva. Detalhes que amei nesse livro, pois em outro blog faço um tipo de poesia existencial - e claro, estou a anos luz de Camus.
 A sensação ao terminar de ler O Avesso e o Direito, é de nó na garganta, de um nó nos pensamentos de um entrave na auto reflexão do que é ser, querer e desejar. Camus é um escritor singular porque incita a angustia reflexiva, porque é denso, profundo, inquietante, sensacional.


Artur César
Post Scriptum
neste 27/04/2015



sexta-feira, 24 de abril de 2015

Uma Temporada No Inferno - Arthur Rimbaud


6º livro lido em 2015
Terminei de ler em 24/04/2015

Eu tinha essa edição da L&PM POCKET, já algum tempo, e esse livrinho ficou por alguns anos tomando poeira na minha estante. Estava me preparado para começar a ler um livro de Camus, quando folheando este livro, comecei a ler algumas poemas e prosas liricas e fiquei vidrado, não consegui parar. Essa edição, é bilíngue, francês e português. Numa pagina, o original, em francês e na outra a tradução em português. Como ainda não leio em francês, o português foi útil para me encantar com o impeto de Arthur Rimbaud.

Rimbaud viveu no século XIX, e para um melhor entendimento de Uma Temporada No Inferno, é fundamental que se leia o prefácio, que conta resumidamente um pouco sobre a historia intensa do que foi a vida desse revolucionário poeta.

Uma forte impressão que fiquei lendo os famosos poemas, é de que Rimbaud, jovem, recém chegado em Paris, retrata com lirismo, todas as suas experiencias com a religião, ciência, filosofia, sexualidade, com a própria França ate, em que vive - e que pelo que entendi, em um período de guerra. Enfim, ele vai contando esse monte de sensações que o afetam, e que ele transmite em versos. É interessante porque Rimbaud expressa tudo o que vive, e sintetiza tudo em versos bem impetuosos, inquietos, tipico jovial. A inquietação na vivencia do inferno, no aqui e agora, achei muito louco isso. 

Consegui identificar nos poemas também  o que achei ser uma certa fúria quanto ao romance que Rimbaud viveu com Paul Varleine, que era casado. Tem toda uma historia conturbada entre os dois uma até curiosa, de que Varleine teria atirado em Rimbaud quando ele decide terminar o relacionamento entre os dois. Amor neurótico passional, entre poetas, que doido. E gostei muito do poema da Virgem Louca, em que ele se interioriza numa mulher desiludida romanticamente, seria uma tentativa de encarnar nas angustias da mulher de Varleine? Mistério!


Vi em Rimbaud, o existencialismo de um 'eu' que busca respostas, de um 'agora' conflitante.
Gostei muito de ter tido esse contato com essa incrível obra. E agora quando ler o nome de Arthur Rimbaud, citado em qualquer lugar, conseguirei identificar mais sobre. Deixei de ser um pouco leigo sobre Rimbaud, finalmente.
Uma Temporada no Inferno, é um livro conceitual e altamente atual.

Artur César
Post Scritptum
24/04/2015

sábado, 18 de abril de 2015

Aura - Carlos Fuentes

5º livro em 2015
Terminei de ler em 18/04/2015

Não leio muitos livros de suspense e terror, apesar de achar bem interessante o ultimo que li, e que gostei muito foi A Outra Volta do Parafuso Do Parafuso - Henry James, simplesmente sensacional. 
Aura de Carlos Fuentes é um livrinho curto, de mais ou menos umas 75/80 páginas. Aura é um conto, bem sinistro, em que um jovem historiador fluente em francês, procurando emprego em anuncios de jornais, se depara com um que lhe chama a atenção. Anuncio que solicita um historiador que tenha francês fluente.

Indo ao endereço do anuncio ele se depara com uma casa velha. E quando o rapaz corajoso adentra a casa, sem que ninguém o receba, ele ouve uma voz que chama pelo seu nome: "Felipe Montero" !!! O suficiente para se empirulitar de lá imediatamente. Mas o curioso e desbravador Felipe Montero, zanzando pela casa, encontra uma senhora, dona da casa, Consuelo. A dona Consuelo, informa ao jovem historiador que necessita uma revisão, para uma futura publicação das memorias de seu falecido marido, general Llorente, e que este será o trabalho do jovem rapaz, organizar tudo material velho, para a publicar.

O ar sombrio que o escritor dá para a historia, se da na descrição dos ambientes da casa, tudo escuro, na mais completa penumbra, mesmo de dia. Outro meio de se sentir preso, ao suspense que se cria, é na maneiro como é escrito, em que ele vai dizendo o que vai acontecendo na sequência, por exemplo: 
" Você olha para um lado e a jovem está ali essa jovem que você não consegue ver de corpo inteiro porque está tão perto de você e sua aparição foi imprevista, sem nenhum ruído - nem sequer os ruídos que não são escutados mas que são reais porque são lembrados imediatamente, porque apesar de tudo são mais fortes do que o silêncio que seguiu..."

Tenso!! Essa jovem que ele se refere, é Aura, sobrinha que trabalha servindo a Sra. Consuelo. Aura é uma jovem bonita, descrita pelo jovem historiador. De olhos verdes e cabelos negros, pele clara... um tipo que a gente se apaixona fácil, com um chame incitando um mistério, digamos então, fatal.

Acontecem muitas coisas estranhas na casa antiga de dona Consuelo. Uma das mais esquisitas, é que o jovem relata, em um dos momentos em que eles jantam juntos, é que Aura e a Sra. Consuelo, parecem reproduzir os mesmos movimentos em sincronia, de forma mecânica, sem se olharem, em quanto estão a mesa com ele. Eu hein!!

Não tem como contar todas estranhezas, que te prendem na leitura, pois perderia a graça de ler este livrinho. Só dá para dizer que o final é uma coisa meio sinistra, que ultrapassa os limites do real e imaginário. E que faz do livro do Carlos Fuentes uma boa historia de suspense. Recomendadíssimo para se ler em uma madrugada silenciosa.

Artur César
Post Scriptum
18/04/2015


quinta-feira, 16 de abril de 2015

O Perfume Historia De Um Assassino - Patrick Süskind

4º livro lido em 2015
Terminei de ler em 16/04/2015

Só consegui encontrar um exemplar deste livro no site da Estande Virtual , não encontrava em sebos nem em livrarias novas. Ouvi dizer que este livro esta fora de catalogo, que pena.
Eu tinha assistido um tempo atrás o filme, que achei sensacional, não sabia que era baseado em um livro conhecido, quando descobri, resolvi comprar.

A história criada por Patrick Süskind se passa na França do século XVIII. Uma França sem muito glamour, nojenta, repulsiva, fétida. Achei bem interessante ideia de cenário com uma Paris nada bela e requintada. Fato é que uma jovem da a luz num mercado em meio a um monte de vísceras de peixes a um ser, Jean-Baptiste Grenouille, e que logo em seguida é abandonado pela mãe.

Grenouille era um ser sem odor, esquisito, um personagem estranho que não parece com nada e não lembra ninguém. Porém Grenouille possui um talento extraordinário, um senso olfativo muito aguçado, mas nenhuma chance de explorar isso. Certa vez, quando jovem, ele sente um cheiro que lhe agrada imensamente, guiado pelo odor agradável, ele se depara com uma linda jovem de cabelos ruivos, dona do tal cheiro encantador. Grenouille sente a necessidade de obter e reter aquele cheiro para ele, e por um impeto impulsivo acaba matando a bela jovem cheirosa.

No desenrolar de história, Grenouille vai trabalhar com dono de uma perfumaria, Baldini, que esta em vias de fechar o seu negocio por conta da forte concorrência, e por não ter mais capacidade de fazer um perfume a altura do maior sucesso de seu concorrente: Amor e Psiquê. Grenouille impressiona Baldini, por saber olfativamente produzir a formula de Amor e Psiquê, e de alegar saber produzir perfumes muito superiores ao que o grande Baldini tentava reproduzir/imitar. Baldini então ensina as técnicas profissionais de mestres da perfumaria para Grenouille, que em troca pelo seu grandioso talento, cria os mais espetaculares perfumes que Paris já mais sentiu, sob a assinatura do nome Baldini... esperto não?

Aqui a história começa  a ficar um pouco maçante, pois boa parte do livro é descrita como são feitas as técnicas de extrair o perfume de flores e outras matérias prima. E como Grenoiulle vai aprendendo tudo isso, confesso que achei a parte mais chata do livro. Logo em seguida depois de enriquecer Baldini com seus talentos, Grenouille decide partir. Mas Baldini lhe impõe uma condição, de jamais voltar a Paris, enquanto ele Baldini estiver vivo. Grenouille, o ser sem odor, sem simpatia ou empatia, sem sentimentos fraternais e tudo mais, esquisito mesmo, aceita de bom grado e parte de Paris. Aqui vem outra parte chata, Grenouille vai morar por alguns anos longe das pessoas, no meio do mato, em uma caverna... parte que começa a contar alguns delírios do serzinho escroto, Grenouille entra numa crise olfativa existencial (se é que isso existe), por não possuir um odor, essas neuras começam a lhe consumir. 

De volta a civilização, aprende outras técnicas de obtenção de odores das plantas. E mais uma vez ele começa a sentir odores de lindas jovens, que lhe agradam imensamente. Ele as inveja, deseja seus agradáveis odores para si, então planeja fazer um perfume com essas essências que lhe apetecem, a partir dessas novas técnicas de obtenção de cheiros. Bom, aqui que o livro voltar a ficar interessantíssimo, pois o "carrapato Grenouille" começa a caçar a matéria prima (entende-se lindas e cheirosas donzelas) para a sua obra prima da perfumaria. 

O final do livro é apoteótico, épico. Sem duvida a melhor parte do livro, e com toda certeza é o que faz ser um livro excelente. Grenouille é preso apos matar a ultima de suas vitimas, é sentenciado a morte, mas este não parece muito se importar, lembre-se, ele não possui expressões ou sentimentos. Porém na hora de sua execução acontece algo espetacular, a cidade que lhe repudiara, cai de joelhos perante ao perfume por ele criado a partir da aura de 25 lindas mocinhas, uma gota apenas, foi capaz de deixar ate o famílias das vitimas em êxtase e submissão. Uma orgia, uma grande orgia por causa de Grenouille, o "sem odor",que criou a quintessencia do perfume que foi capaz de botar um cidade inteira de joelhos, perante um ser totalmente insignificante. O fim de Grenouille, bom só lendo para saber que fim levou o ser desprezivel, que nao tinha cheiro, que não tinha sentimentos, que viveu somente para criar o perfume mais perfeito do mundo, e que confesso é um ótimo final.


Artur César
Post Scriptum 
16/04/2015

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Mate-me Por Favor - A Historia Sem Censura do Punk - (Please Kill Me) - Legs Mcneil e Gillian Mccain


3º livro lido em 2015
Terminei de ler em 09/04/2015


Certamente este seria um livro que nunca me interessaria de ler por conta própria. Só o fiz  porque na faculdade iremos fazer um trabalho sobre ele. Mas lendo os primeiros capítulos, me empolguei, pois o livro é meio que uma "biografia" do REAL movimento punk. Que destoa de tudo que eu achava que sabia sobre Punk, estilo Punk Rock.

O livro é todo sobre relatos de pessoas da época em que a cena começava a nascer, então ele é meio que um "roteiro de um vídeo documentário", que da bastante credibilidade as narrativas que vão sendo contadas. E meu Deus quantas marcações tive que fazer, porque tem muitas historias cabeludas ali.
É tanta coisa idiota, que hoje astros consagrados do Rock & Roll, faziam por conta dos efeitos de drogas, que chega a ser hilário, me pegava varias vezes dando gargalhadas em ônibus e metro lendo certos relatos. Em muitos outros relatos, bem muitoooos, me dava ojeriza, repulsa, por conta da degradação humana, que era propositada pelos participantes do movimento. 

O que eu não fazia ideia, era de que nesse movimento Punk originário, símbolos  nazistas e homo sexualismo, eram coisas completamente comuns. Me causou estranheza porque a visão que tinha dos Punks brasileiros, (que se espelhavam nos Punks originários em atitudes e estilo de vida) não tinha nada a ver com a ideia de ser Punk nos EUA e na Inglaterra, por aqui a coisa era bem diferente, mas as bandas e os ídolos Punks eram os mesmos. Gozado isso. E além disso, o livro da bem a noção de como eram as coisas pelos bakcstages, camarins, estúdios - bem na convivência com empresários, produtores, músicos, roadies, fãs e artistas - exalta como esses ícones dessa geração,  eram todos malucos de verdade, com propósitos totalmente pífios... ou melhor, sem proposito nenhum, mas que influenciaram muita gente.  

A ideia de transgressão aparece fortemente, embalada essencialmente por drogas, e a musica não passava apenas de um mero detalhe, uma desculpa para se drogarem e fazerem shows, isso para a maioria das bandas de Punk. Fico com a impressão de que a musica, era a coisa menos importante na vida de todos esses caras, ou seja, aquilo que era o maior talento de muitos deles, perdia fácil pro vicio.

É tanta droga que o livro relata, que nossa, achava que eu iria ficar chapado só de ler sobre aquilo tudo. Bom o final nem é preciso dizer né, alguns mortos, outros completamente afetados e fudidos, com um ressaca que deve ta durando até hoje. 
É um bom livro, um excelente exemplo de como as drogas podem fuder com uma geração, em que nem a musica conseguiu salvar, ela só irá ficar ali de registro.

Artur César 
Post Scriptum
09/04/2015 

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Critica da Razão Criminosa - Michael Gregorio



2º livro lido em 2015
Terminei de ler em 14/01/2015

Comprei o exemplar em um sebo, no centro de São Paulo, aos arredores da rua 7 de Abril um dos meus locais prediletos de daqui. Me chamou a atenção a capa e a sinopse, que diz se tratar de uma ficção, que envolve um dos mais celebres filósofos que já existiu: Immanuel Kant. De quem nutro uma profunda admiração. E adoro estudar sobre sua filosofia brilhante. Não foi a primeira ficção que li em que a historia era envolta por um filosofo que gosto. A Cura de Schopenhauer; de Yrvin D. Yalom foi o primeiro, e relativamente curti, pois há um pouco de biografia desses filósofos, embutida nas historias/ficção. Por estudar, sei que a biografia de Kant não é uma coisa muito interessante, pois não aconteceu muita coisa na vida dele, que viveu somente em Königsberg. O que é fascinante em Kant, são suas ideias que ajudaram muito na construção do pensamento contemporâneo.
Conseguir fazer a leitura das 464 páginas desse thirller, em exatamente uma semana, e nem corri pra ler.

A historia...

Acontece em 1804, a Europa esta em atenção com as invasões napoleônicas, e o cenário do enredo, a Prússia, vive sobre esta tensão. O magistrado em direito, Hanno Stiffeniis, é convocado as pressas para voltar depois de 11 anos a Königsberg, e dar continuidade nas investigações de uma serie de assassinatos que se mostram similares e inexplicáveis que vinha assombrando a cidade. Acredito que Michael Gregorio, categorizou bem o que talvez fosse a ciência forense, na virada do século XVIII e XIX. O inicio é bem interessante, intrigante e convidativo para se adentrar na trama, cheia de mistérios e ocultismo - sim ocultismo, não se trata de um livro de filosofia, e sim uma ficção em que um dos personagens é um dos maiores filósofos. Lembrando!

Hanno Stiffeniis, encontra problemas pois todos os relatos sobre os assassinatos que ocorreram, se encaixam. onde todas a vitimas foram mortas da mesma maneira, segundo os relatórios deixado por antigos investigadores, mas alguns fatos parecem omitidos, ocultados propositalmente. O que deixa o procurador em parafuso em suas investigações. Confesso que aqui faz com que a historia se arraste um pouco, pois o personagem principal H. Stiffeniis, se volta para diversos devaneios e inquietações, que acho, poderia ser um pouco mais sucinta pelo escritor. E a trama tenta se aprofundar nas superstições. obviamente no intuito de prender, com a oscilação do real e fantasioso.

Surge então a figura de Kant, que tinha sido professor do personagem principal, e que o ajuda nas investigações, tentando dar a luz para seu ainda eterno aluno - agora já formado. A historia vai bem no estilo Conan Doyle - Sherlock Holmes e Dr. Watson - , mas sem aquelas deduções lógicas brilhantes que fazem o livro ser inesquecível, e que ate hoje, só vi Sir Arthur de Conan Doyle fazer... Agatha Christie, talvez.
Confesso que senti falta desse tempero lógico racional, melhor explicativo, para a historia, com um personagem como Kant, nossa, seria magistral. Mas o final é interessante, pois acredito, salvou um pouco o livro de alguns tediosos capítulos. E claro, não irei contar aqui.

Em suma... é um bom livro, sobre tudo para quem gosta do gênero Thriller. A escrita é muito boa, a leitura flui fácil, o que ajuda a devorar vários capítulos muitas vezes em perceber 

Artur César
Post Scriptum
neste 14/01/2015

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O Coração Das Trevas - Joseph Conrad



1º livro lido em 2015

terminei de ler em 05/01/2015

Terminei a poucos minutos de ler esse grande clássico da literatura mundial. E escreverei as minhas impressões sobre este livro.
Não é um livro muito grande - em numero de paginas - mas achei um pouco denso, e muito bem escrito - até cliché dizer isso, mas é. Na historia, Joseph Conrad coloca para o leitor, dois narradores, dentre eles o principal, em que a historia toda se envolve é Charlie Marlow, ex marinheiro. Que começa contar sobre sua viagem, - agora, como marinheiro de água doce - ao Coração Das Trevas, na colonização inglesa sobre a exploração do marfim.

E durante a viagem, a historia é narrada por Marlow, que vai fazendo uma critica sobre o "homem branco civilizado", sobre todos os contrastes dos nativos africanos selvagens e a terra cheia de perigos, "mistérios" e horror, mediante a barbárie causada pelos colonizadores. No plano de fundo surge o personagem/elemento causador dessa jornada ruma as trevas, um sujeito cheio de mistérios chamado Kurtz, que tinha sido enviado para aquelas terras africanas e convivia muito bem com os negros, e que na paz com tribo selvagem, enviava marfim para comerciantes europeus com quem tinha um ótimo relacionamento também. Então Marlow fica intrigado com esse tal Kurtz consegue ser tão querido, e se motiva mais para fazer o seu resgate para assim conhecer melhor o tal Kurtz. Bom mais do que isso seria spoilers. 

O que posso dizer é que é um livro excepcional, só que a leitura pode não ser muito comum, e isso pode ser um pouco difícil para quem não esta acostumado, pois no meio da narrativa, Conrad vai parando para dar as descrições ao leitor, para que esse, possa fazer uma ideia do ambiente, e do que esta acontecendo na aventura. Isso pode fazer a leitura ficar um pouco lenta, mas não menos interessante, alias bem pelo contrário, enriquece mais a obra.

Artur César
Post Scriptum
neste 05/01/2015

Lista de Livros Lidos Em 2014

Aqui está a lista de todos livros que li ao longo de 2014, e que tenho resenhas sobre as minhas impressões aqui no blog.
Quase todos foram que eu gostei, boa parte eu amei, e uns dois ai desta lista - os dois últimos, precisamente falando - simplesmente li, sem maiores pretensões ou expectativas.




 O Complexo Portnoy - Philip Roth

 A Cura de Schopenhauer - Yrvin D. Yalom

 A Filosofia Na Alcova - Marquês de Sade

 Medo Liquido - Zygmunt Bauman

 A Revolução dos Bichos - George Orwell

 Outra Volta do Parafuso - Henry James

 O Morro dos Ventos Uivantes - Emily Brönte

  Ética e Vergonha na Cara - Mario Sergio Cortella/Clóvis de Barros Filho

Qual é Tua Obra - Mario Sergio Cortella

10º  A Vida Que Vale a Pena Ser Vivida- Clóvis de Barros Filho

11º O Misantropo - Molière

12º A Relações Perigosas - Choderlos de Laclos

13º O Monge e o Executivo - James C. Hunter

14º De Volta ao Mosteiro - James C. Hunter 


Artur César
Post Scriptum
neste 05/01/2015