domingo, 11 de outubro de 2015

O Fim do Poder - Moisés Naím

13º Livro lido em 2015
Terminei de ler em 05/10/2015,

O Fim Do Poder foi escolhido nesse semestre pelo meu professor de Geopolítica, para o projeto Universidade Que Lê. Ao que soube, Mark Zuckerberg (criador do Facebook) escolheu como primeiro livro para um tal clube de leitura que ele criou, fazendo esse livro se esgotar nas estantes das livrarias, não é pra menos né, se o gênio criador da maior rede social atual mandou, temos que obedecer, porque deve ter algo muito bom nesse livro, pro "Deus das mídias sociais" ter indicado. Mark sugeriu este livro de Ciência Política para seus seguidores e admiradores, assim como meu professor de Geopolítica pois o Moisés Naím, disserta sobre como o Poder nos dias atuais anda cada vez mais em declínio, e de como o mundo mudou e tem mudado por conta disso, como nossos líderes - e nos, consequentemente - somos afetados por toda essa mudança global.

Cada vez mais o poder vem se esvaindo das mãos dos grandes líderes e da minoria detentora do capital. O mundo mudou e as formas de visões, entendimentos e relacionamentos também. Atribuir ao poder formas antigas de se liderar, hoje não é o melhor caminho para se entender e corrigir as frustrações e fracassos, provocados pelas grandes crises dos últimos anos. Assim como é muito pobre, por vezes errado, generalizar creditando culpa ao progresso das ferramentas de relações comunicativas (mídias sociais, internet) sobre como o mundo e as pessoas mudaram tão rápido de uma década para outra. A inteligência que se necessita não só para se obter o poder, mas para manter, agora é outra exige um líder que vá além, isso na política, no cenário militar, no mundo dos negócios, nas igrejas e em qualquer lugar onde o Poder é o que faz a diferença. "O poder está degradando-se devido à ocorrência de uma multiplicidade de mudanças em todos esses âmbitos." (pág. 86).

No Capítulo Quatro, Naím diz que o Poder está perdendo a força através do que ele chama de Revoluções: do Mais, da Mobilidade e da Mentalidade, 
  • Revolução do Mais: Mais gente no mundo; mais países existentes; crescimento acelerado relacionado com a condição humana. "Temos mais de tudo." (pág. 86)
  • Revolução da Mobilidade: Tudo se move cada vez mais rápido, pessoas, informações, mercadorias, dinheiro, notícias. TUDO.
  • Revolução da Mentalidade: Existe um consenso global hoje, sobre autonomia individual, igualdade de gêneros, e o repudio popular perante ao autoritarismo.

Ou seja existem mais pessoas no mundo, que "têm mais de tudo - cartões telefônicos pré-pagos, rádios, tevês, celulares, computadores e acesso à internet, além da possibilidade de viajar e se comunicar com outras iguais a elas em seus países e pelo mundo afora"  (pág. 103) além de estarem mais cientes de seus direitos para uma vida com maior qualidade.
Segundo Naím, essas Revoluções, encontram brechas nos 4 canais por onde se opera o Poder: força (coerção), código (moral, ex. 10 mandamentos), mensagem (persuasão) e recompensa (alimenta o interesse, para que se consiga algo em troca) tornando mais frágeis as barreiras criadas por esses 4 canais.

Essa é uma breve síntese do que encontrar no O Fim Do Poder. Mais profundamente o escritor vai relatando nos capítulos seguintes, através de dados e detalhes pesquisados, como o Poder esta cada vez mais descentralizados, por conta de novos atores no cenário da Geopolítica, desde partidos "piratas" que ameaçam antigos partidos poderosos; pequenas empresas com novas tecnologias que tornam-se ameças para antigas grandes empresas dominantes de mercado; pequenos países agora participantes de concelhos mundiais com decisão de veto; pequenas igrejas locais que desfragmentam perifericamente fiéis que antes eram centralizados de uma única ordem religiosa; antigas hegemonias que hoje têm seu poder perante o mundo divido com novos atores, na escala do hard power e do soft power; os fundos hedge que têm se tornado uma ameça para antigas empresas de crédito, mundo das finanças.

Por vezes o livro fica bem maçante de ser lido, lá pelos últimos capítulos, pois começa a ficar bem repetitivo toda a ideia de declino do Poder, sobre o Poder não ser mais o que era e blá blá blá.
Mas ao final Naím da as suas considerações de esperança para uma possível mudança, como por exemplo incentivar aos mais jovens a se interessarem pela politica. "...entramos numa era pós-hegemônica"(pág. 331)  foi uma frase que chamou muito minha atenção ao final desse livro, que define também a Geopolítica global atualmente. Onde quem está acima ou abaixo em influência (soft power) e poderio (hard power), já não importa mais em suma, pois o que importa agora é o que se pode fazer com o Poder e suas limitações quando se atinge o topo, e olhe lá por quanto tempo, pois a volatilidade de ascensão e queda das nações, atualmente é mais dinâmica.

Enfim, O Fim do Poder é um livro muito atual, que ajuda a abrir ainda mais a mente sobre Poder, como ele anda defasado no momento; como as crises tem colaborado para isso, justificando as próprias crises que tem se refletido no mundo; o que talvez se pode esperar do que estar por vir com a ascensão econômica da China, Índia e Rússia, novas potências atuando junto aos E.U.A. no cenário de decisões. Um livro que vale apena ser lido para melhor embasamento sobre o que anda acontecendo e o impacto do que anda acontecendo nosso planeta nas últimas décadas. 

Artur César
Art Post Scriptum
neste 12/10/2015